Era uma tarde chuvosa quando Rebeca decidiu, pela primeira vez na vida, pintar os lábios de vermelho.
Conduzida pelo jovem rapaz, Rebeca adentra seu pequeno apartamento repleto de quadros abstratos e imagens hinduístas. As paredes eram pintadas de um amarelo suave, e em uma delas havia um pano estendido com a imagem de um Deus hindu com cabeça de elefante. Os móveis eram de madeira e absorviam o cheiro de incenso contido na casa. Na varanda, uma pequena horta com algumas plantas e temperos e uma confortável rede. Na casa não havia sofá, apenas almofadas postas no chão. Rebeca senta-se em uma delas. O anfitrião coloca uma música e abre uma garrafa de vinho, oferecendo uma taça à visita.
A noite já se faz presente. As nuvens de chuva se dissipam. As estrelas abrem espaço para a lua cheia reinar no céu. Rebeca retira a taça de vinho das mãos do jovem rapaz, e, sem mais querer esperar, beija-lhe os lábios. Um pouco assustado, mas entusiasmado, o rapaz retribui. A enlaça em seus braços, a pega no colo e a conduz para o quarto.
O dormitório era constituído de uma cômoda de um lado, uma pequena mesinha de estudos no outro e um colchão posto no chão, ao centro. Delicadamente, Rebeca é posta no colchão. Deitada, ela observa o rapaz retirar a camisa, deixando à mostra seu peito nu. Ele põe seu corpo por sobre o dela e lhe beija longamente a boca, a face, o pescoço. Seus lábios descem até os seios. Com suas mãos largas, ele desabotoa a blusa da dama. Rebeca retira o sutiã e o jovem beija seus mamilos rijos de prazer, descendo em direção ao seu ventre. Ele retira sua calça, deixando-a apenas de lingerie. Seus beijos tornam-se mais ardentes. O suor de seus corpos goteja nos lençóis. À medida que os lábios do rapaz tocam seu ventre, Rebeca se excita cada vez mais. Os lábios do jovem encostam em seu sexo, ainda coberto pelo tecido da lingerie. Ele retira o tecido, e sua língua acaricia os lábios maduros da jovem dama. Rebeca nunca sentira aquilo antes. Gemendo de prazer, ela arranha as costas do rapaz e ele retira o restante de sua roupa. Inteiramente nu por sobre Rebeca, ele retorna seus lábios em direção à face da mulher. Com seu toque delicado, mas firme, o jovem cavaleiro abre as pernas da dama e adentra em seu interior. O percurso é devagar, mas constante, e Rebeca, molhada de prazer, apalpa o quadril avantajado do rapaz, deslizando os dedos por sobre suas nádegas. O movimento do casal se acelera. Pelo com pelo, eles seguem no movimento constante. Rebeca segura o lençol com firmeza, levando-o a boca no desespero contido. Sua língua percorre o céu do rapaz, e no compasso ritmado, eles viajam por entre nuvens. Avistam palácios e carruagens de fogo. O Rei de olhos amendoados está inteiramente nu, conduzindo sua charrete de fogo e instruindo a Rainha nos caminhos da libertação. Seus braços fortes, seguram firme o corpo delicado, ditando o movimento. O cavaleiro senta e coloca a dama por sobre suas pernas, movendo o seu corpo acima e abaixo. Agora, parado em seu ventre, ele lateja suas veias de sangue fervente enquanto a olha profundamente nos olhos. Abraçados, a respiração é ofegante. Seus corpos suados encharcam as nuvens, e a carruagem de fogo acende ao céu.
Rebeca está nua, translúcida e pura. A sensação obtida, e até então nunca sentida, a elevou às alturas, ao desconhecido Caminho de Vênus, ao sublime percurso do Sol e da Lua, do Rei e Rainha, para a lapidação de sua Pedra e a realização de sua Obra.
*Conto publicado originalmente na Revista Pirata Cultural: https://bit.ly/3tpNlMd