Não, ele não se arrepende de nada não! Tampouco faz questão de alargar a estrada para contemplar o caminho. O que ele pretende é satisfazer o desejo momentâneo. Fugir de si mesmo e talvez se encontrar mais adiante. Não o faz apenas por querer pertencer a um falso arranjado de sensações efêmeras e que de nada contribuem para o seu despertar. O faz por não mais querer permanecer inerte na estrada criada por ele mesmo. Então, o que ele faz para seguir sua trilha? Ele não sabe. Mas decidiu ir em busca do desconhecido, do apenas quase tentado, mas não seguido. Por medo?! Talvez. Sente-se como que preso em caminhos tenebrosos. Difícil alvo de se buscar esse o almejado!
Já tanto tentou reinventar o novo de si: o olhar novo, o andar novo, o buscar o novo… Mas pra quê? Qual o real propósito? Que descoberta virá? Ele não sabe. Mas precisa se reinventar. Ele quer se reinventar! Portanto, andará de um novo jeito pelo mesmo caminho; de um mesmo jeito por um novo caminho; de um novo jeito por um vasto caminho; de um mesmo jeito por um breve caminho… Mas ele andará. Não importa o peso a se instalar sobre seus ombros, ele andará. Não há outra alternativa senão andar, andar, andar…. E ele andará. Sem pressa. Com precisão. O inevitável defronte com o ameaçador, com àquilo que constantemente busca não encontrar. Não tem jeito não! Suas sombras, seu erro, seu medo, sua culpa, seu lamento, suas lembranças, suas dores, angústias, desejos… Ele precisa se colocar frente a tudo que o constitui. Assumir o que a si chegou e olhar de forma clara e límpida para àquilo que faz parte de sua história, de sua origem, de seu percurso. Mas ele tem medo! Ele tem muito medo! Medo de arriscar, de se aventurar, de se surpreender… Mas sabe que não existe outra opção. Sua única e possível chance de se colocar diferente na própria estrada, é deixar-se levar pelo desconhecido; deixar-se conduzir pelas mãos do Invisível, que para onde haverão de o levar, ele não sabe. Não há como saber. E é justamente o não saber que o amedronta, que o aterroriza, que o faz querer largar as mãos do Invisível e retornar à estrada permanecendo igual ao que sempre foi. É uma escolha. Será? A necessidade pelo novo se apresenta imponente, o ameaça com sua incerteza e dúvida e o coloca em posição de enfrentar ou fugir. E então, qual será sua escolha? Ele decidiu fechar os olhos e se desapegar de suas certezas, juras e promessas. De seus ritos e práticas de passagem. Agora vai novo, VAZIO. Na queda ele levanta, e segue novamente VAZIO. Com o precipício ele se defronta, e vai sem corda ou rede de amparo. Vai só. Segue pela estrada em linha reta. Não! Segue pela estrada em linha curva. Nos atalhos ele encontra o que de melhor há em si.
Já andou por onde deveria andar. Já passou por onde deveria estar. Agora faz diferente. Ele precisa… Você precisa.